Fonte: Midiamax Seg, 16 de Agosto de 2010 16:17 |
Nicanor Coelho, de Dourados A gravação da entrevista que o prefeito Ari Artuzi (PDT) deu no último sábado na rádio Grande FM de Dourados contendo uma frase carregada de preconceito racial vai virar tema as aulas de educação étnico-racial da professora Suzana Arakaki da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). Suzana lecionada nos cursos de História e Ciências Sociais da UEMS e desde 2007 ministra projetos de ensino sobre História da África e Cultura Afro-brasileira. Este ano teve o projeto de educação étnico-racial aprovado pelo MEC (Ministério da Educação) que será desenvolvido durante o próximo ano nas escolas públicas da região de fronteira com o Paraguai. Conforme a professora "preconceito e racismo representa a ignorância e falta de conhecimento". Arakaki diz que quando há deficiência na socialização primária nos primeiros anos de vida no seio da família a educação passa a ser responsabilidade da escola. A professora afirmou que "preconceito e racismo são práticas cotidianas cometidas há séculos, mas que na atualidade são inaceitáveis e execráveis porque denotam o sentimento existente em cada um de nós, muitas vezes inconsciente. Somos produtos de uma educação racista". Ela explica que "houve um tempo em que o racismo foi científico. Teorias como as de determinismo biológico ou determinismo geográfico já foram aceitas. Foram séculos de racismo e preconceito e foi justamente para acabar com esse ideário racista e preconceituoso, é que hoje é obrigatório o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira e História e Cultura Indígena nas escolas". Um dos casos mais recentes de preconceito racial em mato Grosso do Sul aconteceu no âmbito da própria universidade onde Suzana leciona em junho de 2004. O professor de física Adriano Manoel dos Santos virou réu na Justiça acusado de ser racista com o estudante de biologia Carlos Lopes dos Santos que entrou na UEMS dentro da cota para negros. Conforme relato do estudante o professor teria dito: "tratava-se de um homem que, cansado após um dia de trabalho, entrava no ônibus e torcia para que quem sentasse ao seu lado fosse uma loira, mas para seu azar era um negão que se sentaria". Carlos Lopes registrou queixa na Polícia Civil e o inquérito foi enviado para o Ministério Público onde o professor foi denunciado com base na lei 7716/89 que define crimes de preconceito de raça ou de cor. "Nóis temu fazenu serviço de genti branca. Serviço de genti." Assim foi a frase pronunciada por Artuzi para falar da qualidade do recapeamento asfáltico que a Prefeitura está fazendo nas ruas da cidade. Esta foi a forma usada por Artuzi para contrapor seus antecessores que, segundo ele, "jogavam massa fria de cima do caminhão e socavam com o pneu". A frase foi dita manhã deste sábado, durante entrevista ao programa "A Hora da Verdade", da Grande FM, o prefeito "mordeu" a língua e soltou esta frase carregada de preconceito racial. A reação dos ouvintes foi imediata e a emissora recebeu mais de vinte telefonemas condenando a atitude de Artuzi. |
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